RELATÓRIO DO CPCB 2021

RELATÓRIO DO CPCB – 2021

I – EVENTOS

Conforme decidido em reunião realizada por e-mail em janeiro, o  CPCB focou seus eventos na celebração dos 50 anos de produção e 20 da  restauração de “O País de São Saruê”.   Nesse sentido, foram realizados eventos nas datas abaixo, que são detalhados a seguir:

 

– 26 de junho – CineOP – Mostra de Ouro Preto (MG)

– 19 de setembro – 9º Seminário Nacional de Cinema em Perspectiva comemorativa dos 50 anos de “O País de São Saruê” – Curitiba (PR)

– 12 de dezembro – Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – DF

– 14 de dezembro – Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro – João Pessoa (PB)

– 19 de dezembro – Festival de Cinema do Rio – Rio de Janeiro (RJ)

 

1 – CINEOP / Mostra de Ouro Preto

 

Por solicitação da Diretoria e Conselho do CPCB, a Mostra de Ouro Preto incluiu em sua programação, na Temática Preservação (coordenada por Inês Aisengart e José Quental) um Painel para celebrar o filme O País de São Saruê (1971), que completou 50 anos de produção e 20 que foi restaurado pelo Centro.

 

26.06.2021 – sábado – 16h

 

Painel: A Restauração de Obras Audiovisuais –  O País de São Saruê

Participantes:

Alexandre Rocha – sócio-diretor da Afinal Filmes / RJ

Mauro Domingues – Fotógrafo e Arquivista, especializado em Preservação Audiovisual (CPCB)

Myrna Brandão – Jornalista, Pesquisadora, Crítica de Cinema  (CPCB)

Moderador: Alex Vasquez, Diretor Tesoureiro da ABPA e Supervisor de Programação no Sesc SP

 

 

2 – CURITIBA (PR) –  Os 50 anos de O País de São Saruê

Coordenação: Solange Straube Stecz

 

9º Seminário Nacional de Cinema em Perspectiva comemorativa dos 50 anos de “O País de São Saruê”

 

19 de setembro  – terça feira –  19:30h

 

Participantes:

– Joel Pizzini: Cineasta documentarista, pesquisador, roteirista, escritor

– Mauro Domingues – Fotógrafo, Arquivista especializado em Preservação Audiovisual – membro da Diretoria do CPCB

– Solange Straube Stecz – Membro do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco-MowBrasil. Doutora em Educação pela UFSCAR, Mestre em História pela UFPR. Membro da Diretoria do CPCB

– Fernando Severo: condução e divulgação

 

 

3 – FESTIVAL DE BRASILIA  (DF)

Coordenação: Myrna Silveira Brandão

 

12 de dezembro  – domingo – 14h às 16h

 

PAINEL

– 50 anos de produção  filme  “O País de São Saruê” (1971), de Vladimir Carvalho

– 20 anos da restauração do filme, numa iniciativa do CPCB, realizada por Francisco Sérgio Moreira e equipe da Labocine, liderada por ele.

 

Participantes:

– Silvio Tendler – Cineasta e Curador da 54ª edição do Festival de Brasília

– Vladimir Carvalho – Diretor de “O País de São Saruê”

– Mauro Domingues – Fotógrafo e Arquivista – Especialista em Preservação Audiovisual (CPCB)

– Shirly Ferreira – Escritora – autora de livro sobre O País de São Saruê

– Myrna Silveira Brandão – Jornalista, Crítica de Cinema, Pesquisadora  (CPCB)  – Moderação e exposição sobre a coordenação da restauração do filme

 

Nota: o filme “O País de São Saruê” ficou disponível durante todo o período do Festival na Mostra Sessentinha, uma das mais prestigiadas do evento.

 

PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES

Filme Vencedor  “Ocupagem”, de Joel Pizzini

Justificativa

O Júri, composto pela: Professora da ECA/USP Marília Franco, pela Professora da Universidade do Paraná Solange Stecz e pela Jornalista e Critica de Cinema Myrna Brandão, todas integrantes do CPCB – elegeu entre os títulos  selecionados para as mostras competitivas do Festival, o filme “Ocupagem”, de Joel Pizzini, pela perfeita utilização das imagens e por uma inovadora abordagem entre cinema e literatura. Com muitas metáforas, o documentário remete à “ocupação” não só de prédios, mas também do corpo e da mente.  E, como é usual na obra do diretor, há sempre um espaço em sua narrativa para a memória e a poesia.

 

TEXTO PUBLICADO NO CATÁLOGO DO FESTIVAL

“O PAÍS DE SÃO SARUÊ”, UM FILME  QUE É PARTE DA MEMÓRIA BRASILEIRA

Myrna Silveira Brandão

 

“Mulher, depene este pássaro/ Asse-o na trempe, depois/ De  ao menino um pedaço,/ a sobra dá pra nós dois.”

Com esse verso como pano de fundo, é exibida uma das cenas mais dramáticas de  “O País de São Saruê”, de Vladimir Carvalho: aquela em que o nordestino em andrajos, no auge da seca, abate o pássaro, único alimento da família naquele dia.

Misto de poema dramático e denúncia documental, o filme é um dos muitos que estavam ameaçados de extinção, como outros clássicos do cinema brasileiro, inúmeros infelizmente já perdidos. Sempre que um deles se perde, nossa memória fica mais pobre e em consequência o nosso patrimônio cultural.  O reconhecimento universal de que o cinema é uma arte estratégica está intimamente ligado à preservação fílmica e à importância de que esta e as futuras gerações se vejam na tela como num espelho e possam refazer os caminhos de sua própria  história, reduzindo os efeitos da colonização cultural existente.

Felizmente, com o patrocínio da Petrobras Distribuidora e o incentivo do Minc, foi possível que a iniciativa do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro se concretizasse e O País de São Saruê  pudesse ser restaurado em 2001 pela equipe da Labocine, coordenada por Francisco Sérgio Moreira.

De volta às telas, trará novamente para o espectador suas imagens fortes e poderosas sobre os habitantes dos vales dos rios do Peixe e Piranhas, no oeste da Paraíba: a miséria, a paisagem áspera e agreste, o solo seco e rachado, bem como a casa-grande da fazenda Acauã, o folclore do bumba-meu-boi e a música do povo sertanejo, de violas e rabecas.

É um filme com muitos elementos de significação, onde a câmera, muitas vezes paralisada, parece expressar a imobilidade, o conformismo e a realidade desigual. Como diz num dos depoimentos o Prefeito da cidade de Souza, “o nordestino nasce, sofre e morre”.

Iniciado em 1969, pouco depois do AI-5 e finalizado em 1971, o filme ficou oito anos proibido pela censura. Ao regime da época não interessava mostrar a estrutura agrária como a causa maior do drama social do nordeste. Destacando apenas uma parte do sertão, o filme advertia, no entanto: “qualquer semelhança com a história de outros sertões não é mera coincidência, mas semelhança mesmo”.

Liberado em 1979, iniciou sua trajetória nas telas, interrompida pelas más condições de preservação e  retomada com cópia nova e restaurada.

Assim como seus personagens que sobrevivem na dureza do sertão nordestino, O País de São Saruê  sobreviveu a todas as dificuldades e obstáculos que precisou enfrentar quando foi realizado; sobreviveu à censura que o impediu  de ser exibido por oito anos; sobreviveu ao “vinagre”, que quase causou  sua perda;  e agora de volta às telas, mostra que  sobreviveu também  aos desafios do tempo.

Permanece como obra de importância artística e histórica que jamais poderia ser desfalcada do acervo do Cinema Brasileiro.  Além de representar um momento singular de nossa filmografia, o País de São Saruê é uma obra que nos enriquece a todos e aos que virão após.

 

4 – FESTIVAL DE ARUANDA – JOÃO PESSOA (PB)

Coordenação: Professora da ECA/USP Marilia Franco

 

14 de dezembro – terça feira –14h

 

Núcleo Memória e Preservação Audiovisual do Festival de Aruanda

 

PAINEL:

O País de São Saruê’ – 50 Anos – A exaustiva e fascinante magia de editar um documentário.

 

Participantes:

Marília Franco (Professora da ECA-USP) – CPCB

Vladimir Carvalho (Documentarista)

José Maria Lopes (Especialista em restauração cinematográfica)

Moderação: Lúcio Vilar (Fundador e Produtor Executivo do Festival de  Aruanda).

 

Nota:

O filme ‘O País de São Saruê’ ficou disponível para acesso na Plataforma AruandaPlay durante todo o período do festival.

 

Prêmio do CPCB em Aruanda

Por idealização e iniciativa da Professora Marília Franco, coordenadora do evento em Aruanda, o CPCB outorgou um Prêmio Especial para o filme “Toada para José Siqueira”, de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques, integrante da grade do Festival.  O documentário é sobre a vida e obra do Maestro, Professor, Musicólogo e compositor brasileiro José Siqueira, fundador de algumas das mais importantes orquestras brasileiras, incluindo a Orquestra Sinfônica Brasileira.

 

Prêmio Especial do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro: “Toada para José Siqueira”

Justificativa

Além de ter o perfil de premiação adotado  pelo CPCB com resgate de imagens e registros históricos, o filme mereceu o Prêmio pela pesquisa e recuperação de material AV com o qual trabalha.

 

 

5 –  FESTIVAL DE CINEMA DO RIO (RJ)

Coordenação: Ilda Santiago (diretora do Festival), Ricardo Cota (Curador) e Myrna Silveira Brandão (CPCB)

 

19 de dezembro – domingo – 15h às 17h

Local: Cinema Net Estação  5 – Rua Voluntários da Pátria,  88 – Botafogo

 

PAINEL

A Importância da Preservação Fílmica para a História e Memória Cultural

 

Participantes:

– Walter Carvalho –  Cinematógrafo e Cineasta

– Mauro Domingues – Fotógrafo e Arquivista – Especialista em Preservação Audiovisual

– Myrna Silveira Brandão – Jornalista, Crítica de Cinema, Pesquisadora. Coordenação da restauração de O País de São Saruê

Moderação – Ricardo Cota – Crítico de Cinema e Curador do Festival

 

II – TEXTOS PUBLICADOS NO BOLETIM  DA FIAF

 

1 – Edição semestral de Junho / 2021 – reportando o evento em Ouro Preto

 

“O País de São Saruê” (1971), by Vladimir Carvalho, one of the most important documentaries in Brazilian Cinema, exposes the misery and the harsh landscape of the inhabitants of the Peixe and Piranhas rivers, in western Paraíba. The film was restored in 2001 by the Center for Researches of Brazilian Cinema (CPCB) with the sponsorship of Petrobras. The restoration was done by Francisco Sérgio Moreira with the Labocine team.  The film – that is celebrating its 50th anniversary – had sessions and a panel in the 2021 edition of CineOP (Ouro Preto, MG), organized by Universo Produção. The Festival, focused on audiovisual preservation, treats cinema as Patrimony.

 

2 – Edição semestral de dezembro/ 2021 – reportando o evento em Curitiba  

 

“O País de São Saruê” (1971), by Vladimir Carvalho, is completing 50 years of production and 20 years that it was restored by the Center for Researches of Brazilian Cinema (CPCB).  To celebrate the date, CPCB is holding events in several Centers. In September, it held a Panel coordinated by Solange Straube Stecz, University of Paraná’s Professor, with the filmmaker Joel Pizzini and the specialist in Preservation Mauro Domingues. One of the most important documentaries in Brazilian Cinema, the film exposes the misery and the harsh landscape of the inhabitants of the Peixe and Piranhas rivers, in western Paraiba.

 

III – HOMENAGEM

 

AO CINEASTA E FUNDADOR DA CINÉDIA ADHEMAR GONZAGA – pelos 120 anos de nascimento que faria em 2021

 

Sob a coordenação do Professor João Luiz Vieira, elaboração de projeto em articulação com a Universidade Federal Fluminense (UFF), através do seu Departamento de Cinema e Audiovisual do Instituto de Arte e Comunicação Social, o Centro de Artes UFF através do Cine Arte UFF (Lívia Cabrera) e o Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual – LUPA (Rafael de Luna).

Embora o empenho de João Luiz  e Rafael e a receptividade imediata de Lívia com o projeto – que teve data agendada  para acontecer  em 26 de agosto – infelizmente precisou ser cancelado em face do Contrato assinado pela Cinédia  com o Canal Curta exigir exclusividade dos filmes do Estúdio e não poderem ser exibidos  em qualquer outro local.

Mesmo não tendo sido realizado, vale deixar registrado para efeito de  memória, todo o  planejamento que foi feito para o  evento e o oferecimento de Lívia Cabrera ao CPCB  para manter em aberto programas conjuntos com o IACS, através de parceria entre as duas entidades.

A data foi lembrada em artigo postado em 26 de agosto por Myrna Brandão no Jornal do Brasil (o texto, também para efeito de memória, está reproduzido ao final deste Relatório).

 

IV   – APOIOS

 

1 – APOIO EM  DEFESA DA CINEMATECA BRASILEIRA

 

1.1 – À SAC, através de e-mail enviado  por Marília Franco

Mensagem  de apoio do CPCB  ao Professor Carlos Augusto Calil, da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), quando foi nomeado Presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) em abril /2021.  Em resposta, o Professor Calil expressou na ocasião:

“A situação é tão crítica que todo apoio é bem-vindo e necessário. Vamos manter uma interlocução permanente”.

 

1.2 – Ao  “Biombo Escuro”, site na Internet sobre Cinema Brasileiro

O site fez um forte protesto  em defesa da Cinemateca contou com os depoimentos de:

Joel Pizzini – Cineasta

Carlos Alberto Mattos – Crítico de Cinema, Pesquisador e Escritor

Hernani Heffner – Conservador Chefe da Cinemateca do MAM

 

2 – APOIO AO “BIOMBO ESCURO” NO DESENVOLVIMENTO E APRESENTAÇÃO NO SEU SITE DO TEMA:  “Introdução do som direto em documentários nos anos 1960”.

 

Através da intermediação do CPCB, houve a participação dos seguintes especialistas:

– Eduardo Escorel, Editor, Diretor e Roteirista

– Mariana Baltar, Escritora

– Fernando Morais, Professor (PPGCine e Universidade Federal Fluminense – UFF)

– Carlos Alberto Mattos, Crítico de Cinema e Escritor

 

V  – SITUAÇÃO JURÍDICA E FINANCEIRA

 

O CPCB encerrou o exercício em dia com sua situação jurídica e financeira  (CNPJ, Alvará, Imposto de Renda, Balancetes, Pagamento de anuidade à FIAF, pagamento do domínio do site, pagamento do Contador e despesas operacionais)

 

–  SITUAÇÃO JURÍDICA

 

O processo encaminhado através do Contador do CPCB para o  Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ), foi aprovado mas ainda não foi enviado ao Centro.  A demora do envio acontece em face da alta demanda e do rodízio e confinamento que o RCPJ precisou fazer devido à Pandemia da Covid-19.

 

– PAGAMENTO PARA A FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DOS ARQUIVOS DE FILME

 

O pagamento foi efetuado em junho, no valor de 500 euros + taxas governamentais, bancárias e IR, conforme comprovante abaixo enviado por Elsa Degerman – Accounting and HR Assistant of FIAF.

 

Rue Blanche 42 – 1060 Brussels – Belgium

Tel +32 (0)2 538 3065

www.fiafnet.org

 

De: Elsa Degerman [mailto:e.degerman@fiafnet.org]
Enviada em: segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021 07:22
Para: Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro – CPCB
Cc: Christophe Dupin
Assunto: RE: 2021 FIAF Programme fee

Dear Myrna,

Thank you for your payment! Please find below your payment receipt.

Best regards,

 

Elsa Degerman

Accounting and HR Assistant

 

FIAF PROGRAMME FEE

Payment Receipt Invoice 22495.pdf (89 KB)

Myrna Brandão CARD NUMBER XXXXXXXXX3592

Expire – September 2027

Beneficiary – FIAF

Valor: 500 EUROS (+ taxas governamentais, bancárias e IR)

 

 

VI – AGRADECIMENTOS

 

– Pela colocação em suas grades dos eventos do CPCB ao:

 

CineOP (Raquel Hallak, Fernanda Hallak, Quintino Vargas, Inês Aisengart, José Quental, Laura Tupinambá)

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (Silvio Tendler, Ana Rosa Tendler)

Festival de Cinema do Rio (Ilda Santiago, Ricardo Cota)

Festival de Aruanda  (Lúcio Vilar)

 

– À UFF, IACS (Lívia Cabrera) e LUPA (Professor Rafael de Luna), pela pronta receptividade na elaboração de evento em homenagem ao Cineasta e Fundador da CINÉDIA,  Adhemar Gonzaga, pelos 120 anos que faria em 2021.

 

– Ao Crítico, Pesquisador, Escritor e integrante  do Conselho Consultivo do CPCB Carlos Alberto Mattos,  por sua colaboração voluntária na edição e atualização do Site do Centro.

 

VII – EM ANDAMENTO

 

1 – Berlinale Talents  do Festival de Berlim

 

Entendimentos para aprovação da proposta do CPCB detalhada abaixo. Reunião durante a 71ª edição  virtual do Festival de Berlim  com o Coordenador do Berlinale Talents para dar continuidade ao projeto iniciado por Carlos Augusto Brandão.

 

Proposta do CPCB

O Festival de Berlim desenvolve um programa denominado Berlinale Talents   – são selecionados cerca de 300 jovens no mundo todo (do Brasil inclusive) e durante 15 dias eles recebem aulas / palestras / fazem trabalhos, etc.  – ministrado por nomes destacados da área do cinema, entre outros,  Martin Scorsese, Steven Spielberg,  Walter Salles, que fazem isso gratuitamente.

Numa edição recente,  300 jovens (14 do Brasil) foram escolhidos de 137 países, para as áreas de direção (132), produção (63), atuação (17), roteiro (10), fotografia (20), edição (15), cenografia (12), crítica (8), vendas e distribuição (9), som (6), e trilha sonora (8).  Conforme acima, são contempladas inúmeras áreas do cinema, mas não está incluída a de preservação.

Após contato preliminar realizado em Berlim,  em 2017 por Carlos Brandão, o  CPCB enviou carta para Mr. Florian Weghorn –  Program Manager Berlinale Talents  – com sugestão da inserção da área de Preservação nas próximas edições do Talent Campus.  Mr. Florian ficou de analisar e propôs um encontro presencial no próximo festival, o que somente aconteceu em 2020 quando foi apresentada a fundamentação.  O CPCB concordou e se colocou à disposição para ajudar na consecução da medida.

Observação: Carlos Brandão e Myrna Brandão não estavam  em Berlim como diretores do CPCB, mas sim como jornalistas, para cobertura do Festival, trabalho que realizam desde 2004. No caso, aproveitaram  sua estada no Festival para fazer a proposta acima.

 

2 – Restauração de Carnaval no Fogo, de Watson Macedo 

 

Histórico: em 2000 o CPCB realizou, em articulação com a Atlântida, um trabalho de prospecção para restauração do filme.  Como a análise do material prospectado somou apenas 90% do filme, a restauração não pode ser realizada na ocasião e o material prospectado foi entregue para a Atlântida e, atualmente encontra-se na Cinemateca Brasileira.  Fomos informados que há uma pendência da CGU com o material da Atlântida depositado naquela Cinemateca, que impede sua retirada ou qualquer ação com o mesmo.

Foram feitas inúmeras tentativas para retirar esse material, inclusive reunião com o então Secretário Pola Ribeiro em Ouro Preto, mas até o momento não houve avanços.  Francisco Moreira (Chico) –  embora morando no Rio, estava trabalhando durante a semana em São Paulo –   e também tinha estado na Cinemateca, com esse objetivo.

 

Situação em 2021

O projeto continua paralisado em face da  não localização da cópia em 16mm – que havia sido adquirida com recursos próprios por Carlos Augusto Brandão, diretor do CPCB e fundamental para restauração do filme. A cópia estava com Francisco Moreira e, desde seu falecimento em janeiro/ 2016,  o CPCB tem envidado esforços – sem sucesso – para  localizar a cópia e dar continuidade ao projeto.

Umas semanas antes do seu falecimento, Chico nos informou por e-mail que  teve uma reunião na Cinemateca Brasileira para tratar da restauração.  Posteriormente por telefone e e-mail, informou  que  conforme acertado na reunião, seria necessária a realização de testes com a cópia na Cinemateca Brasileira,  inclusive para melhor elaboração do orçamento pela Cinecolor, empresa onde estava trabalhando e que seria o Laboratório que restauraria o  filme. Em resposta à consulta do CPCB na ocasião, a Cinemateca informou não ter conhecimento sobre a localização do filme.

A posição no CPCB é continuar essa busca.

 

 

VIII – TEXTO SOBRE ADHEMAR GONZAGA

 

POSTADO NO JORNAL DO BRASIL POR MYRNA SILVEIRA BRANDÃO EM 25.08.2021 (para, de alguma forma,  celebrar os 120 anos de  nascimento de Adhemar Gonzaga em face do evento programado pelo CPCB em agosto não poder ter sido realizado).

 

https://www.jb.com.br/cadernob/cinema/2021/08/1032401-o-imensuravel-legado-de-adhemar-gonzaga-para-a-memoria-cultural-do-brasil.html

 

Caderno B

O imensurável legado do cineasta Adhemar Gonzaga para a memória cultural do Brasil

 

25 AGO, POR JORNAL DO BRASIL

 

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO

Publicado em 2021-08-25 13:19:30

Adhemar Gonzaga, pioneiro do cinema brasileiro, faria 120 anos no dia 26 de agosto.
Nascido no Rio de Janeiro, fundou a Cinédia em 1930, um dos mais importantes estúdios. Inicialmente localizada no bairro de São Cristóvão, a Cinédia foi transferida em 1954 para Jacarepaguá, e hoje continua em plena atividade no bairro de Santa Teresa, sob a direção de Alice Gonzaga, filha de Adhemar.

Responsável por boa parte da produção do cinema brasileiro, a Cinédia realizou, entre muitos outros, os clássicos “Lábios Sem Beijos” (primeiro filme ali produzido, com direção de Humberto Mauro), “A Voz do Carnaval”, “Bonequinha de Seda”, “Ganga Bruta”, “Berlim na Batucada”, “Anjo do Lodo”, “O Ébrio”, de Gilda Abreu (maior êxito comercial de toda história do estúdio) e “Alô Alô Carnaval”.

Este último, em estado já bastante comprometido, teve uma exibição em 2000, homenagem do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) e do Festival do Rio aos 70 anos da Cinédia, que emocionou a todos os presentes. “As Cantoras do Rádio”, com Aurora e Carmem Miranda; “Amei”, com Francisco Alves; “Colombina”, com Heloisa Helena; “Não Bebas Tanto Assim”, com as Irmãs Pagãs (Elvira e Rosina); e “Cadê Mimi”, com Mario Reis, são apenas alguns exemplos dos inúmeros sucessos da época que estão no filme. Felizmente, graças aos esforços de Alice, “Alô Alô Carnaval” foi restaurado e salvo de uma perda irreparável.

Importante também lembrar o mítico “Barro Humano”, dirigido por Gonzaga que, infelizmente, está desaparecido. Após sua estreia em junho de 1929 no Cinema Império, no RJ, ganhou o prêmio de melhor filme do ano em concurso promovido pelo JORNAL DO BRASIL e foi exibido em toda a América do Sul, Portugal e também em Hollywood, sempre com sucesso de crítica e público. Esse é um daqueles clássicos que tem se mantido vivo apenas no imaginário dos estudiosos e amantes do cinema brasileiro e, quem sabe, um dia aparecerá, fato que já ocorreu outras vezes. Como foi o caso do americano “Richard III”, de James Keane (1912), considerado perdido e que foi surpreendentemente encontrado com um colecionador que o doou para o American Film Institute. Após ter sido restaurado, foi relançado em Veneza e teve a segunda sessão no Rio de Janeiro em 1998, no Encontro do CPCB, durante o 14º Rio Cine Festival, com trilha sonora conduzida por Carlos Eduardo Pereira (Cadu), do MAM e a presença de Ken Wlaschin, vice-presidente do AFI.

Embora improvável, o fato não deixa de trazer certa esperança para que um dia o filme possa ser incorporado também fisicamente às inúmeras realizações de Gonzaga, que além de produtor e diretor, foi roteirista, historiador e crítico. Escreveu nas revistas “Palcos” e “Telas” e no “Jornal do Rio”. Em 1926, com o apoio de Mário Behring, e tendo Gilberto Souto como correspondente em Hollywood, lançou a “Revista Cinearte”.

Criou, ainda, um clube de cinema com Pedro Lima, Álvaro Rocha, Gilberto Souto e Paulo Vanderley, o Clube do Paredão. O nome se deve ao fato de ter sido um muro de pedra junto à antiga praia do Flamengo, onde o grupo se reunia para discutir os filmes após assisti-los.

Além de todas as ações pioneiras realizadas por Gonzaga, ele também teve uma participação importante na recuperação de “Limite”, de Mario Peixoto, preservando nove latas de negativo do filme na Cinédia. Em agosto /1942, Peixoto pediu a retirada dos negativos com muitos agradecimentos por essa guarda.

Em 1970, Gonzaga dirigiu “Salário Mínimo”, seu último filme. Morreu em 1978 com 77 anos. Foi casado com a atriz Didi Vianna, com quem teve a filha Alice que, com determinação e brilhantismo, vem dando continuidade ao inestimável legado deixado por ele para nossa história e memória cultural.

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