Os doze trabalhos de Hoineff


“Comecei hoje os preparativos para o meu sepultamento. Sei que isso não interessa particularmente a ninguém, mas não posso negar que seja um momento emblemático na vida de qualquer um”.

Assim começa Preparativos, o livro de memórias que Nelson Hoineff deixou no prelo ao morrer no último domingo, aos 71 anos. O livro foi escrito durante o longo período em que Nelson lutou pela vida, entre sucessivas internações e complicações crescentes causadas pela diabetes.

Apesar do tom mórbido daquelas primeiras frases, suas memórias não são as de um homem deprimido. Como um dos poucos que já tiveram o privilégio de lê-las, posso afirmar que são enredantes, divertidas e comoventes. Num texto para a contracapa, afirmei que Nelson usou a escrita como um espantalho para a morte e um elogio à montanha russa da vida.

No livro, Nelson passa em revista sua vida de jornalista, crítico de cinema, homem de televisão, documentarista e produtor cinematográfico. Trata com total franqueza sua convivência com amigos, mulheres, trabalho, loucuras, drogas, viagens… Autobiografia de um animal social na sua melhor acepção, aquele cuja vida se pautava pela relação com os outros.

Estive próximo dele enquanto participava da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, que ele fundou em 1984 e defendia com unhas e dentes, às vezes bastante afiados. Não concordávamos muito na apreciação de filmes, nem nas posturas políticas, mas sempre admirei a forma independente e a verve com que sustentava suas opiniões. A recíproca parecia verdadeira, tanto assim que algumas vezes, ainda em início de carreira, fui escolhido para substituí-lo na sua coluna no jornal O Dia. Sua obsessão em agregar os críticos de cinema cariocas e inserir a crítica nas decisões da gestão pública do cinema era admirável.

A formação de Nelson incluiu especializações em cinema na New York University e em novas tecnologias da televisão pela New School for Social Research, também em Nova York, e pela NHK, em Tóquio. Durante muitos anos foi crítico correspondente da Variety no Brasil, além de atuar como editor, redator, colunista e articulista em alguns dos principais jornais e revistas brasileiros. Foi também sócio do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro.

Na televisão, Nelson foi um incansável batalhador pela qualidade da programação. Teve cargos de direção na TV Manchete, SBT, TV Cultura, Bandeirantes e GNT. Em 2001, fundou o Instituto de Estudos da Televisão, dedicado a pesquisar e debater o assunto, iniciativa até hoje única no país. O IETV promoveu algumas edições do Festival Internacional de Televisão e publicou os Cadernos de Televisão. Esse foi o tema de seus dois livros lançados em vida, TV em Expansão – Novas tecnologias, segmentação, abrangência e acesso na televisão moderna e A Nova Televisão – Desmassificação e o impasse das grandes redes.   

Nos anos 1980 e 1990, balançou as estruturas da reportagem televisiva com o programa Documento Especial, em que tratava de temas polêmicos e personagens excluídos, adotando métodos de risco, que incluíam a câmera oculta, longos planos sem corte e roteiros construídos a partir de conceitos, em vez de fatos. Tornou-se um clássico do gênero.

Como documentarista, Nelson gostava de trabalhar em linhas tênues, que algumas vezes tangenciavam o sensacionalismo. Seus longas-metragens para cinema retrataram personagens “difíceis” ou extravagantes como Chacrinha (Alô, Alô Teresinha), seu grande amigo e mentor Paulo Francis (Caro Francis), Cauby Peixoto (Cauby – Começaria Tudo Outra Vez) e Agnaldo Timóteo (Eu, Pecador). Mas também abordou Santos Dumont (O Homem Pode Voar) e os preparativos para o carnaval da Portela em 2015 no excepcional 82 Minutos, para mim o seu melhor documentário.

Seria maçante relacionar aqui todos os trabalhos de Hoineff nas várias mídias em que atuou. Melhor concluir essas notas de lembrança com o amor que ele nutria pela única filha, Alice, de seu casamento com Adriana Magalhães. E, como bônus, mais um trecho de Preparativos, onde, ao comentar o período de bolsista numa instituição do Equador, Nelson deixa patente seu olhar compreensivo para o contraditório:

“O CIESPAL era uma instituição marxista, financiada pela Fundação Marxista Friedrich Ebert, mas eu me divertia bastante em ser um estranho no ninho. Éramos levados a comparar textos de jornais, chegando invariavelmente à conclusão de que o jornal cubano Gramma era muito mais confiável que o New York Times. Eu era deliciosamente hipócrita (todo mundo sabia e, por isso, gostava de mim), concordava com um sorriso irônico nos lábios e achava isso tão extraordinariamente surrealista que me divertia bastante. Foram meses notáveis, os do CIESPAL em Quito.”

Nelson Hoineff deixa saudades.     

Texto escrito originalmente para o site da DBCA (Diretores Brasileiros de Cinema e do Audiovisual), a pedido de Sylvio Back.  

4 Comentários

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