Boletim do CPCB

No período compreendido entre março de 1970 e agosto de 1987, o CPCB editou 13 números de um Boletim impresso, dedicado a suas próprias atividades, à divulgação do andamento de pesquisas em vários estados e à publicação de textos de interesse dos pesquisadores. O Boletim do CPCB circulava entre seus associados e na comunidade cinematográfica brasileira.

Um mês depois do encontro de pesquisadores que marcou a instalação do CPCB, em fevereiro de 1970, já começava a circular o número inaugural do Boletim dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Como constava em sua apresentação, o Boletim, ainda mimeografado, tinha como finalidade “reunir e divulgar informações relativas aos trabalhos dos pesquisadores e aos problemas e soluções encontradas, bem como referentes a todos os acontecimentos de interesse direto ou indireto para o campo específico deste trabalho.”

Nessa primeira edição, preparada pela Secretaria dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro (em São Paulo), com a colaboração da Cinemateca do MAM-RJ, o Boletim limitava-se a relatar sinteticamente as atividades, discussões, recomendações e resoluções do I Encontro. Para oferecer sínteses de pesquisas e informações mais variadas a partir do número seguinte, solicitava-se a colaboração e sugestões de pesquisadores e interessados.

O apelo à comunidade cinematográfica ganhava tintas quase dramáticas:

“O Encontro de Pesquisadores de Cinema Brasileiro faz um apelo a todos os cineastas, amigos e familiares destes, entidades culturais, arquivos, bibliotecas, discotecas, prefeituras, laboratórios, distribuidoras, exibidores, produtores e instituições várias, no sentido de que não deixem no esquecimento fitas velhas ou qualquer outro material relacionado com cinema antigo, como por exemplo fotografias, recortes de jornais, coleções de revistas, livros, folhetos, programas, roteiros, vestimentas, peças de cenografia, partituras, etc.  São aquelas coisas velhas que ocupam espaço e não  têm mais utilidade numa residência ou instituição moderna e voltada para atividades sobre o presente, mas que têm interesse inestimável para os pesquisadores. No mesmo caso estão as “sobras”, “pontas”e “cortes”(negativo positivo, som, imagem) de filmes produzidos atualmente. Repetimos aqui o apelo que o Encontro transmitiu pelos jornais: façam das Cinematecas as suas “latas de lixo”de coisas velhas de cinema.”

O segundo número do Boletim só veio à luz quase quatro anos depois do primeiro, em novembro de 1973. Apresentava um relato sucinto do III Encontro (27 a 29 de setembro de 1973) e era editado pelo Centro Audiovisual da UFMG (Divisão de Cinema) e pelo Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas Artes da UFMG.

Editado em abril de 1974, o terceiro número do Boletim iniciou a publicação de teses e trabalhos apresentados no III Encontro. Comunicava também o andamento de pesquisas desenvolvidas em Minas Gerais e no Paraná. Os textos compreenderam uma resenha de Paulo Emílio Salles do Gomes do livro A Bela Época do Cinema Brasileiro, de Vicente de Paula Araújo; um comunicado do mesmo Paulo Emílio sobre pesquisa da produção cinematográfica de Cataguases na década de 1920; um arrazoado de Jurandyr Passos Noronha sobre a importância da preservação de filmes (ver neste livro); e um relato de Maria Rita Galvão sobre a sua experiência de pesquisa em torno da História do Cinema Paulista (também republicado neste livro).

Em seu quarto número, de outubro de 1974, o Boletim do CPCB dedicou suas páginas à cobertura do IV Encontro dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro. O noticiário sobre pesquisas em andamento já foi bem mais farto do que o divulgado no número anterior. Paulo Emílio publicou um comunicado sobre 40 Anos de Pesquisa Divulgada (ver neste livro). Antônio de Jesus Pfeil deu conta de pesquisas realizadas sobre o cinema no Rio Grande do Sul. Carlos Roberto de Souza expôs sua investigação a respeito da “maturidade de Humberto Mauro”. Apareceram, ainda, notícias sobre pesquisas do cinema paulista e sobre um trabalho desenvolvido com alunos de Comunicação da UFMG.

Em outubro de 1975, saía a quinta edição do Boletim, com um apanhado das atividades do V Encontro do CPCB. O sumário de textos compreendia um histórico da Cinédia, um relato de Guido Araújo sobre as pesquisas cinematográficas na Universidade Federal da Bahia (reproduzido neste livro) e o primeiro capítulo de uma série informativa sobre cineastas mineiros, enfocando Almeida Fleming. Na apresentação, o editor protestava contra a falta de informações e de textos dos diversos núcleos regionais.

O VI Encontro foi relatado em detalhes no Boletim n° 6, publicado em setembro de 1976. Em suas páginas, resumos de comunicações sobre a prospecção de filmes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Igino Bonfioli foi objeto do segundo capítulo da série de José Tavares de Barros sobre cineastas mineiros.

Raquel Gerber redigiu o Editorial do sétimo Boletim (numerado 1/79), em junho de 1979. O texto constava de uma série de perguntas provocativas acerca do “sentido da pesquisa histórica em cinema brasileiro” (ver neste livro). Farta em perguntas, essa edição publicou também um questionário dirigido a dezenas de pesquisadores em todo o Brasil, a respeito de seu perfil e atividades. Em seguida, vinham as respostas de 27 profissionais.

Somente quatro anos mais tarde, em junho de 1983, surgiu o Boletim nº 8, editado pelo Centro Audiovisual e Escola de Belas Artes da UFMG. Seu conteúdo abrangia uma ata do projeto Filmografia Geral do Cinema Brasileiro, da Embrafilme; uma filmografia do cineasta mineiro Igino Bonfioli; e as respostas de mais 14 pesquisadores ao questionário sobre Pesquisa de Cinema no Brasil.

A nona edição do Boletim (dezembro de 1983) divulgou o segundo concurso Cinetema de projetos de pesquisa, promovido pela Embrafilme com a colaboração do CPCB: “Uma idéia na cabeça, lápis e papel na mão” – prova de que ainda não estávamos na era da informática. Além do noticiário de praxe, publicaram-se mais seis respostas ao questionário dos pesquisadores e os seguintes textos de maior vulto: uma pequena história do cinema paranaense por Solange Straube Stecz, Celina Alvetti e Clara Satiko Kano; Cinema Mineiro da Década de 1960 por José Américo Ribeiro; e uma análise do documentário O Velho e o Novo, de Maurício Gomes Leite, por José Adolfo Moura.

Datado de dezembro de 1984, o Boletim nº 10 registrou a realização do X Encontro de Pesquisadores, o surgimento dos Cadernos de Pesquisa (ver adiante) e a criação dos primeiros núcleos regionais. Este número inaugurou uma seção de colaboração dos

sócios, com páginas destinadas ao intercâmbio de idéias, aos debates e eventuais polêmicas. Os primeiros colaboradores foram Sylvio Back, com seu texto República Guarani – Espectro do filme; Antonio Jesus Pfeil, com um texto sobre a produção documental de Ramon Conrad; Carlos Nobre Cruz e Sidney Nolasco Rezende, com uma defesa da exibição da obra de Glauber Rocha na TV.

O noticiário de rotina ocupou a maior parte do Boletim nº 11, editado em janeiro de 1986. Mas houve espaço também para a publicação de pequenos perfis dos principais arquivos de filmes do país e dois importantes comentários metodológicos: o de Hernani Heffner a respeito de sua pesquisa sobre o fotógrafo Edgar Brasil (reproduzido neste livro); e o de Lécio Augusto Ramos, Luca Maria Bravo e Osmar José Guimarães da Silva sobre a pesquisa de indexação da revista Cinearte. Ambos os trabalhos haviam sido selecionados no concurso Cinetema II.

O décimo-segundo número do Boletim, publicado em agosto de 1986 com apoio da Embrafilme, abriu espaço nobre para a discussão do ensino de cinema no Brasil. Sobre o tema, apareceram textos de Moniz Sodré (RJ), José Tavares de Barros (MG), Luiz Felipe Cabral e Beatriz Dantas Lemos (MG), Ana Rita Mendonça e Paulo Andrade de Lima (RJ), Gioconda Caputo (DF), Marília Franco (SP) e Máximo Barro (SP).

Em agosto de 1987, o CPCB lançou o seu último Boletim impresso, de número 13. O artigo de capa, de Jurandyr Noronha, versava sobre “As Constituições e o Cinema Brasileiro” e incorporava uma descrição, cena a cena, do documentário de Lima Barreto sobre a promulgação da Carta de 1946. Lúcia Lahmeyer Lobo publicou orientações sobre a organização de recortes de jornais (ver neste livro). José Tavares de Barros abordou a pesquisa de cinema na Itália. Sylvio Back teve reproduzida sua carta ao Correio Braziliense apontando o esvaziamento político do Festival de Brasília. Os estatutos do CPCB ocuparam a contracapa.

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